Entre os dias 24 e 27 de abril de 2019, aconteceu o IV ERSAU – Encontro Regional Sul de Arborização Urbana e I Fórum Paranaense de Arborização Urbana, uma promoção da UTFPR em parceria com a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) e a Associação dos Engenheiros Florestais do Oeste e Sudoeste do Paraná (AEFOS-PR). No dia 24 de abril foram realizados dois minicursos, um sobre poda de árvores urbanas conforme a norma ABNT NBR 16246-1, que regulamenta o trabalho de poda; e outro sobre trabalho em altura para o manejo de árvores urbanas, ambos temas de grande importância para todos os profissionais e trabalhadores da área.
No segundo dia do evento, 25 de abril, foi realizada a abertura oficial do evento e teve como primeiro palestrante o prof. Dr. Demóstenes Ferreira da Silva Filho (Esalq/USP), dissertando a respeito do “Uso de Tecnologias na Gestão da Arborização Urbana”, onde ficou evidenciado que o tema arborização urbana tem muita ciência e conhecimento envolvido, não podendo ser realizado de forma empírica, como ainda acontece em muitos lugares. O mesmo ainda salientou que o Brasil ocupa o 9° lugar em literatura científica segundo o Scopus, consultado em novembro de 2018. Ou seja, há muito material, pesquisa, publicações, porém, poucas ações práticas em nível nacional.
No período da tarde, aconteceram dois painéis, sendo o primeiro com o tema “Gestão e Manejo da Arborização Urbana” com contribuição de especialistas na área, oriundos de prefeituras como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Nova Prata/RS, juntamente com consultores experientes no assunto em nível internacional. Ambos trouxeram as experiências em gestão e manejo da arborização sob diversos aspectos, tais como fitossanidade, podas, remoções, plantios, segurança do trabalho em altura em árvores, entre outros temas. A discussão do segundo painel teve como objetivo “A atuação profissional nos Planos Municipais de Arborização Urbana” e contou com a participação de representantes dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Crea) e de Biologia (CRBIO) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Neste segundo painel, a Engenheira Florestal e Conselheira na Câmara Especializada de Engenharia Florestal pela ACEF apresentou dados relativo aos números de ART anotadas pelos profissionais de SC referente ao tema. Após as explanações, chegaram à conclusão de que há poucos profissionais atuando nesta área, infelizmente ainda há muita informalidade e falta de técnicas para execução de projetos de arborização urbana ou atividades afins. Observaram que o estado do PR saiu na frente dentre os demais estados do Sul, formando uma equipe multiprofissional para avaliar os Planos Municipais de Arborização Urbana, sendo este grupo formado a partir de uma demanda oriunda do MP-PR, exemplo a ser seguido pelos demais estados.
No terceiro dia do encontro, o professor Dr. Yedo Alquini (Uninter) falou sobre “Cidades Educadoras” e seu papel na promoção da arborização urbana e qualidade de vida para as pessoas. Na sequência, a professora Dra. Lourdes Patrícia Elias Dacosta, da Universidade Nacional de Assunção (UNA), apresentou resultados de estudos realizados por sua equipe em cidades paraguaias, mostrando situações muito similares ao que acontece no Brasil.
Na sequência, o 4° painel teve como foco “Arborização Urbana: experiências em municípios no interior do Paraná” e contou com a explanação do Dr. Eleandro J. Brun e Dra. Flávia Brun, ambos da UTFPR de Dois Vizinhos, comentando sobre os projetos desenvolvidos por sua equipe, bem como com o Engenheiro Florestal Ciro Costa (Neofloresta Serviços Ecossistêmicos) que abordou sobre o Plano Municipal de Arborização Urbana de Dois Vizinhos. Todos apresentaram suas experiências na gestão e manejo da arborização em cidades do Estado do Paraná onde a UTFPR-DV tem atuado em parceria na realização destes planos, resultados já conseguidos e desafios a serem enfrentados.
Para encerrar as palestras do evento, os engenheiros Florestais, Flávio Telles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) e Luiz Otávio Pedreira, representante da SBAU junto à Sociedade Internacional de Arboricultura (ISA) palestraram sobre estas duas entidades em prol da Arborização Urbana Nacional e Mundial.
Ao final do segundo dia de palestras, foram premiados os melhores trabalhos científicos apresentados ao longo do encontro. Durante todo o evento, foram apresentados, por empresas patrocinadoras, vários equipamentos que estão à disposição dos profissionais da área para uso na manutenção de árvores urbanas e avaliação de árvores de risco. Além disso, também foi exposta a coleção de tocos didáticos elaborada pelo biólogo João Augusto Bagatini, pertencente à Prefeitura de Nova Prata-RS, que mostra diversas situações, positivas e negativas, oriundas do manejo da arborização urbana e o reflexo das mesmas nas árvores.
No último dia do evento, 27 de Abril, foram realizadas duas visitas técnicas, uma ao Horto Florestal da UHE Salto Caxias, em Capitão Leônidas Marques, para conhecerem o sistema de produção de mudas de qualidade para plantio no meio urbano e concomitantemente ao Jardim Botânico da Copel em Faxinal do Céu (Pinhão-PR), para conhecerem diversas espécies adaptadas ao meio urbano plantadas no local.
Como conclusão do evento, pude observar que o tema é bastante conhecido, porém não é valorizado pelo mercado e população. Os habitantes das cidades, sabem, em sua maioria, todos os benefícios da arborização urbana, mas desconhecem de que se trata de uma ciência e que existem técnicas de plantio, condução, manutenção e manejo dos indivíduos observados ao longo de vias, praças e parques. Ficou evidente a necessidade de valorização da profissionalização da Arborização Urbana, a exemplo da cidade de Berlim-Alemanha, onde não se observa a queda de árvores, situação bem distinta da encontrada nos municípios brasileiros. Todos os participantes enalteceram a necessidade da atuação profissional na área, não havendo espaço para empirismos, mas sim, entendendo que o trabalho com árvores urbanas requer formação, conhecimento e experiência. Para isso, principalmente as prefeituras municipais devem contar com o apoio de universidades e de profissionais com formação específica na área. Cabe também aos conselhos profissionais fiscalizarem a atuação na área, incentivando este nicho de mercado pouco explorado e coibindo a atuação de profissionais sem formação técnica em ações relacionadas à arborização urbana.
